quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A vez da mágoa acalentada.



Um texto de meados de 2005; achei hoje no computador, resolvi postar.


Lá vou eu sangrar mais um pouco, sabendo que lendo vou me ferir. Lá vou eu cavar mais adentro, a ferida que cascateia dentro de mim. Lá vou eu outra vez, encarar a verdade. Que por mais fundo que vá o corte, ainda não me atingiu. Aos poucos vou abrindo a ferida de novo, até crer no que vêem esses olhos iludidos.

Mas depois eu volto. Eu volto e me refaço entre a desgraça, tentando captar de volta o que havia antes de tudo se arruinar. E lá vou eu no carrossel, nessa roda de mentiras. Sabendo que o mundo gira, e eu aqui tentando o brecar.

São doces ardidos, e mel amargo, que continuo a beber para me encantar. E ao final de cada dose, desespero medido, os males de no falso se aventurar. Eu sei que não devo acreditar. E deixar para trás o que veio me enganar.

Mas o medo de perder aquilo que nunca tive, e posse de mentira me foi dada, brinquei. Está de volta aqui outra vez. Sabendo que o rancor vai despertar. Sabendo que lágrimas novamente hão de rolar. No rosto intocável da dama do ar...

E o coração reclama, já acostumado á tanta dor de cada vez, um tsunami de clichês, que mesmo tantas vezes indo e voltando, novamente afogado.

Na onda dos desesperados. Conto de fadas; que de conto não passou... Era uma vez. Talvez nunca alcançado, repetido final feliz nunca se revela, ou nele não se crê. E felizes para sempre, de turno em turno, pulo em pulo, desfila na passarela com as roupas que nunca vou ter.

Era cristalino e belo, um elo; que poderia ser de vidro, mas de vento era, e num sopro se desfez.

Tudo novamente, começa outra vez...

Torturando amargamente sem saber

Que a distância é só mais um passo dado para trás; na história do desfazer.

Que começou feliz para nunca; e termina na primeira vez.


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