quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Passagem



A Lua tingia a noite de azul-nanquim, alta no céu e coroada pelas Três-Marias. O mar ia e vinha, num balanço, sussurando por todo o horizonte. Areia grossa passava entre meus dedos a cada passo descalço. Aos poucos, areiva úmida cascalhada de conchas quebradas. Por fim ela de tornava uma poça quente, até me afogar no abraço salgado e morno, e selvagem, das ondas que espumavam o mar.

O cheiro agridoce pairava no ar.
Senti a alma se libertando, coração ganhando asas e deixando; deixando o espírito voar; navegando na superfície sem mal lhe tocar...

Vento morno em cabelos molhados - fez-me frio - e afundei fundo na água quase rasa.
A praia que sempre foi assim: quando mais longe da quebra, mais rasa; como se o mar fosse uma escada - só a mim - e para que a lua fosse alcançada.

21/2/2006

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