terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Por que nós lemos ''Harry Potter".
Afinal, por que gostamos tanto deste, e de tantos outros livros, romances aventureiros e ficcionais?
Porque é o que queríamos viver. Convenhamos. Quem leria um livro sobre as rotinas que algum trabalhador tem sempre, todos os dias no escritorio, com esposa e filhos pequenos? São os dilemas que já conhecemos. Existe um macro e um micro. Dois universos, um dentro do outro. O macro nos fascina - além do universo, das razões de ser e viver, Deuses e tudo o mais. E o micro é o que difícilmente se vê. Há um poema em cada colherada de Sucrilhos que comemos. O açúcas cristalizado e flamejante na crosta amarela opaca, como montanhas desertificadas, brilhando na mínima luz, Afundando lentamente no mar branco-leite. Vê?
É mais dificil arquitetar algo nos detalhes do que algo além de nosso pensamentos. De fato - ambos são fora de nosso mundo padrão. Tanto vampiros apaixonados e temerosos, quanto viagens de sucrilhos - ao inves de barcos - poderiam nos distrair da rotina. Das calçadas cinzas rachadas onde lutam as pequenas ervas daninhas para sobreviver à pisoteadas, dos horarios constantes, do domingo esperado...
Estamos fugindo, temos de admitir. Mas somos humanos, sonhamos. Quantas vezes eu mesma não fiquei horas imaginando, como seria um mundo diferente. Nunca deixei de acreditar que há, de fato, algo além disso. Mas há, basta pensar... De perto uma rotina de escritorios e familais pode ser um pesadelo para alguns. Agora imagine que este individuo pode mudar sua vida com pequenas coisas. Um dia ele pode morar na casa dos sonhos. Ele pode ir ver os confins da humanidade. Roma, Grécia... Temos mais do que nos lembramos, todos os dias. Basta olhar para cima, ou para baixo.
Porém, para aturar a rotina, até que façamos ou possamos fazer algo com os frutos dela, fazemos coisas pequenas. Rimos com os amigos, fazemos piadas na aula, saímos às noites de sexta e sábado. Escrevemos colunas em blogs... E Lemos Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Percy Jackson... Porque somos lembrados que há a possiblidade de algo além de nosso mundo oscilante. Podemos sonhar, quem sabe não com um elfo, mas com um garoto. Talvez não com varinhas de condão, mas com expedições. Podemos recortar uma cena de uma tarde tediosa à frente das paredes, abrir-lhe uma cortina e adentrar outro mundo dentro do mundo.
Não há melhor teletransportador como um livro. Num segundo, voce vai do Brasil à China, basta abri-lo. Você sai da espera no consultório monocromático do dentista e vai para Hogwarts, ver se Rony escapou das aranhas. E se parar para pensar, um dia terá uma Annabeth, uma Gina, ou um dia de sol numa cidade chuvosa. Basta fazer a escolha certa, e o que deve ser feito.
Nós pintamos o quadro de nossas vidas. Escrevemos nossas histórias e traçamos nossas fronteiras. Escolha seu mundo: você vive numa cidade cinza esfumaçada, atolada em ônibus amarelos e pessoas de expressões fechadas, ou você vive no mundo em que estiveram Alexandre, César, Cleópatra, Luther King... O mundo que inspirou os mais coloridos pôres-do-sol, dos mares verdes e azuis... Era uma vez... você.
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