Sempre fui fascinada por penas e pássaros.
O passado da caneta, a pena, vem de dois fascínios que sempre me reteram; seja das pás tênues e coloridas que fazem aves e anjos alçarem vôo, seja daquela que porta no bico a tinta, ambas descrevendo arcos sinuosos, no céu ou no papel, fazendo a imaginação pairar, planar, decolar.
Há penas de mil cores ou monocromáticas, listradas, manchadas, estampadas. Há as de cauda, as de vôo, as de corpo. As que iniciam o vôo, as que sustentam, e as que pousam. Cada uma tão parecida com a outra e ainda assim tão diferente; penas têm penas, que mantém unidos aqueles folículozinhos que fazem de muitos fios um leme. Palavras, palavras no ar cheias de palavrinhas que dão nexo às histórias de que tanto nos valemos. Sem história somos nada. Somos viver e morrer, sem palavras; assim como o pássaro de penas cortadas que não alcança o céu, não alcançamos motivo de viver sem o nanquim que derramam pacientemente as penas.
Vivendo e morrendo deixamos as marcas, as marcas nos papéis, nas pedras, nos caminhos que traçamos . Enquanto vivem e voam, os pássaros nos doam estas maravilhas que nos permitem deixar estas marcas.
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